Com avanço da pandemia, BNB estuda estender prazo de dívidas

Com os indicadores referentes ao avanço da pandemia no Nordeste e no País voltando a ganhar força nas últimas semanas, o Banco do Nordeste estuda alongar até dezembro o prazo para a quitação de dívidas de operações de crédito das atividades mais afetados pelo coronavírus, informou ontem (25) o presidente da instituição, Romildo Rolim, durante a apresentação dos resultados da operação banco em 2020.

A proposta, de acordo com ele, é que essa repactuação dos prazos alcance sobretudo o setor de serviços, com destaque para os entes da cadeia produtiva do turismo. O Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste vai definir os setores que devem ser incluídos na renegociação.

“Estamos iniciando os estudos para manter a suspensão desses pagamentos até o fim do ano na cadeia produtiva do turismo e outros setores que não conseguiram gerar receitas. Assim, a gente vai compatibilizar o momento dos reembolsos à efetiva geração de caixa por esses empreendimentos”, detalha Rolim. A repactuação emergencial de dívidas com o Banco do Nordeste vêm sendo ofertada pela instituição desde 2020. “É muito importante para muitos setores que a gente continue com essas repactuações vigentes. É possível fazer todo esse trabalho de adiamento dos pagamentos para os que possuem dívidas junto ao banco.

Nós fizemos isso durante todo o ano de 2020, atualmente está vigorando até junho e estamos implementando esses estudos para ampliar, em alguns setores, até dezembro; contemplando os meios de hospedagens, hotéis, restaurantes, pousadas, o receptivo, guia turístico, todos os entes da cadeia do turismo”, detalha o presidente do BNB.

O processo de repactuação pode ser feito para negócios que faturam até R$ 16 milhões por ano, de forma digital, no próprio site da instituição.

Lucro

Apesar do cenário adverso em decorrência do avanço do coronavírus no ano passado, o BNB apresentou lucro líquido recorrente de R$ 1,44 bilhão em 2020, crescimento de 12,8% em relação ao ano de 2019. A instituição aportou crédito de R$ 40,07 bilhões ao longo do ano passado distribuídos em cinco milhões de operações em todas as áreas de atuação do banco (Nordeste, norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, totalizando 1.990 municípios).

Considerando apenas os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), foram aplicados R$ 25,8 bilhões. “Novamente o Banco do Nordeste, como fez em 2018 e em 2019 superou as aplicações de FNE que estavam originalmente programadas na programação orçamentária, que previa R$ 25,3 bilhões e nós fizemos R$ 25,8 bilhões. A gente costuma dizer que raspamos o tacho da tesouraria do FNE e transformamos em operações de crédito em todos os segmentos e portes”, destaca Rolim.

O Crediamigo totalizou R$ 12,1 bilhões em desembolsos e os segmentos Micro e Pequena Empresa e Agroamigo contrataram R$ 4,6 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente. No Ceará, foram R$ 8,39 bilhões aplicados em 2020 distribuídos em 1,64 milhão de operações de crédito.

Inadimplência

Resultado atribuído pelo presidente do BNB “à gestão eficiente das carteiras de crédito da instituição”, a taxa de inadimplência nas operações recuou em 2020 na comparação com 2019 em todos os segmentos, desconsiderando as repactuações.

A taxa de atrasos acima de 90 dias, considerando a carteira do FNE, ficou em 5,1%. Em dezembro de 2019, a taxa estava em 7,8%. Considerando a carteira própria do BNB, a taxa passou de 3,3% em 2019 para 1,3% em 2020. No Crediamigo, foi de 1,7% no ano retrasado para 0,9% em 2020.

Programa para mulheres

Uma das novidades do Banco do Nordeste para este ano é o lançamento de uma linha específica para as mulheres com condições diferenciadas. “Nós vamos criar um programa e lançar no dia 8 de março. Faremos um trabalho todo diferenciado para esse público, que é expressivo dentro do microcrédito do banco”, detalha Romildo Rolim.

O presidente do BNB ainda não descartou a possibilidade de um novo programa de incentivo ao desligamento este ano, já que o último, realizado no ano passado, alcançou 133 dos 298 funcionários que a instituição esperava que aderissem à iniciativa. Rolim destacou, porém, que ainda não há nada programado e que “esse tipo de decisão precisa ser conversada com o Governo Federal, já que esses desligamentos têm um custo”.


Fonte: Diário do Nordeste

Data: 26/02/2021